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Esta não é uma crónica sobre clubismo

  • Foto do escritor: Ines P Antunes
    Ines P Antunes
  • 12 de dez. de 2016
  • 3 min de leitura

Sou do SLBenfica. Sou do Benfica desde sempre, desde que me lembro. A minha família costumava brincar com o meu avô, dizendo que estava eu a nascer, estava ele na fila para fazer o meu cartão de sócia. E, sem dúvida, que isto não é genética mas é passado de geração em geração. Esta coisa de gostar de futebol, adoptar uma cor e um emblema, gritar GOLO! na bancada, saltar de alegria, abraçar e girar cachecóis sempre com a mesma cor, sem qualquer cansaço ou sinal de esgotamento. Gosto de Encarnado, gosto do cheiro do estádio, do hino real e dos hinos criados ou adoptados. Gosto do calor humano que se sente no estádio, gosto e tenho orgulho nos jogadores, na equipa, nos adeptos que celebram o Benfica com a glória destes e de outros tempos. Mas esta, esta não é uma crónica sobre o SLB. Esta não é uma crónica sobre clubismo. Esta crónica é sobre amor. Não tenho dúvidas nenhumas que o que me leva a ser Benfiquista é o amor com que este vício me foi passado pelos meus (da mesma forma como acredito que alguém do Sporting, Porto ou Belenenses receba esse vício proveniente do mesmo amor). Gosto do Benfica pois foi com o Benfica que aprendi a gostar de Futebol. E eu gosto de Futebol. Ah, se gosto! Gosto do calor que se vive no Estádio. Gosto da união do ser humano, de tanta gente com tantas histórias, que se unem em prol de algo que gostam, que amam. Gosto de acreditar que essa união pode mudar o mundo. Ora, se às vezes muda a rota de jogos de futebol quando parecem perdidos, então essa mesma energia não tem potencialidade de mudar o mundo? Tem! Mas o ser humano não se une por qualquer coisa. O Futebol tem este brilho. E para mim, futebol é amor. E esse amor foi acedido pelo amor dos meus pelo Benfica. E isso, fez-me amar o Benfica e o Futebol. Não faço esta crónica hoje por motivo algum. Faço esta crónica por saudade. Por amor. Não posso falar do Benfica, sem falar do meu avôzinho. O senhor, grande senhor, que me ensinou tanto sobre futebol e sobre a vida. Ensinou-me que não se pode ganhar sempre. Ensinou-me que perder não é tristeza nenhuma, mas sim uma oportunidade para aprender e melhorar. Ensinou-me que podemos amar uma cor, tendo respeito por todas as outras cores. Ensinou-me a admirar os feitos de todos e não apenas os nossos. Ensinou-me o valor do fair play quer em campo, quer fora do jogo. Ensinou-me que os vícios podem ser saudáveis. Ensinou-me que o amor em união é a energia mais forte que o ser humano pode transmitir. É dele que vem este vício, este amor por papoilas saltitantes, por águias ao peito e por panteras negras. Futebol, para mim, é isto. É amor, é família, é sangue. E a ele devo tudo isto. Este amor, tão e só tão meu! E cá ficámos nós, a partilhar o seu vício, o partilhar o mesmo amor... Que nunca se extinga este coração vermelho!

-- Hoje é um dia que custa. Tenho saudades tuas. Guardo no coração todos os olhares, todas as palavras, toda a ternura, todo o orgulho com que os teus olhos me olhavam quando cantava, quando te falava das minhas vitórias e quando te demonstrava, sem querer, as minhas fraquezas e resiliência. Tenho saudades de ti.Saudades dos abraços que ficaram por dar, das palavras e conselhos que ansiei receber, do passeio de comboio ao Rossio, dos Pasteis de Belém, das celebrações dos golos do Benfica, do orgulho e do amor nos teus olhos que tanto ficaram por ver. Saudades não do que vivemos, mas dos tempos que esperava que vivêssemos. A tua luz transformou-se em omnipresença. Estás sempre comigo, bem guardado. Não te deixo ir a lado nenhum. Meu avôzinho, que te possas sempre orgulhar de mim. Com Amor, Ines xx

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    © 2016 por Ines P. Antunes, autora do blog "Era Uma Vez, Uma Ines"

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