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Perdoar não é difícil. Difícil é esquecer

  • Foto do escritor: Ines P Antunes
    Ines P Antunes
  • 23 de set. de 2016
  • 2 min de leitura

Perdoar não é difícil. Difícil é esquecer. Perdoar é não querer mais viver aquela dor. Perdoar é acima de tudo um acto egoísta, para o nosso bem, para a nossa sanidade. Perdoar é entender que as acções ficam para quem as pratica e que nada, nem ninguém, merece a nossa tristeza. Perdoar é vendido quase como algo apenas alcançado pelos mais fortes. Por um lado, aceito essa versão. São os mais fortes que as suas mágoas perdoam. Há quem viva uma vida inteira cheio de ansiedade e medos causados pelo passado. Há quem viva uma vida inteira, para no fim da vida perceber que se não tivesse vivido cheio de ódio e mágoas, teria sido mais feliz. Mas também há aqueles para quem perdoar é uma questão de sobrevivência. Precisamos perdoar para seguir em frente. Para entender que aquela(s) pessoa(s), ou aquela(s) situação(ões) apenas foram possíveis naquela frequência e que, tal como um raio não atinge o mesmo local duas vezes, aquela frequência também não se irá repetir. Perdoar é um acto de amor. Perdoar é um acto de amor próprio que permite amenizar a dor. Perdoar não é difícil.

Difícil é esquecer. É dificil esquecer as caras, os olhares, os medos que mesmo que temporários controlaram por segundos a tua vida. Difícil é esquecer que algo ou alguém nos magoou mais do que alguma vez nós nos magoámos a nós mesmos. Difícil é entender que nós é que nos magoamos. Nós é que nos permitimos. Nós é que nos iludimos numa imagem ou situação que não era real. No fim, a ilusão foi nossa. No fim, perdoar é fácil. Pois perdoar reside, primeiramente, em perdoar-nos a nós mesmos pelo olhar desmedido para algo, ou alguém. Difícil é esquecer que fomos nós que nos colocámos ou nos mantivemos naquela situação. "Ai se fosse hoje!" Não seria. Pois hoje já vivemos essa frequência. Já sabemos o que dói. Já perdoámos. Já nos perdoámos. Mas não esquecemos. As angústias, tais como os momentos felizes, nunca se esquecem. Perdoar é fácil. Difícil é esquecer. E é por não esquecermos que podemos afirmar a pés juntos que não voltaríamos ali. Perdoar é fácil. Difícil é esquecer. Por isso vivo, cada segundo, com a certeza que a frequência em que hoje habito, para o bem e para o mal, não mais se irá repetir. Um dia de cada vez. Love, Marilyn

xx

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    © 2016 por Ines P. Antunes, autora do blog "Era Uma Vez, Uma Ines"

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