As paredes do meu quarto
- Ines P Antunes
- 15 de jan. de 2016
- 2 min de leitura
As paredes do meu quarto são brancas... Podiam ser de todas as cores do mundo, mas são brancas!
De manhã, em dias de Sol, o meu quarto parece ter paredes amarelas. Mas não. As paredes só se "amarelam" com a luz do Sol... mas ao menos sempre ganham uma cor mais alegre. Amarelo, pálido, bebé e monótono, mas é amarelo! Abro sempre os cortinados do meu quarto quando acordo. Se vejo que está sol abro os cortinados rapidamente e com ânsia de vida e cor no meu quarto. Se está de chuva, abro na mesma os cortinados, embora o quarto pareça cinzento e ganhe mais mil e uma sombras para as quais eu crio novas estórias mal acordo.
Tudo ganha cor quando lhe associamos vida. Somos seres materialistas, nós humanos. Se não tem vida, não tem cor. Se não tem cor, é desinteressante. Se é desinteressante não nos interessa conhecer. E se não conhecemos vivemos o medo da ausência do saber. Somos seres materialistas e parvos, nós humanos. Evoluídos tecnologicamente, mas com fraca capacidade de empatia, com fraca capacidade de amar sem olhar a preconceitos.
O que vale é que não passo os dias no meu quarto. Assim, sempre saiu à rua e vejo pessoas. Pessoas e as suas sombras, para as quais invento estórias, afazeres, responsabilidades e hobbies. Assim, mesmo as mais sisudas também ganham cor - já não me metem medo. As pessoas sem vida podem ser assustadoras...
Ás vezes, vejo desenhos nas paredes brancas do meu quarto. Sombras da rua, sombras dos móveis, sombras imóveis que não sei donde vêm ou sombras de mim. Para cada sombra crio uma estória. Invento-lhe vidas, sonhos, emoções, espectativas. E todas as sombras, mesmo as mais assustadoras - sempre tive medo do escuro - se tornam coloridas quando crio vidas para elas.
As paredes do meu quarto são brancas. Gostava que tivessem outra cor, fossem azuis por exemplo, mas não, são brancas. Banalmente brancas. E logo as paredes do meu quarto tinham que ser brancas. Logo eu que tenho a alma com mais cores que o arco-iris. Logo eu que não vejo a preto e branco. Logo eu que nasci para expressar as minhas emoções de forma criativa com o mundo. Logo eu que nasci artista.
Com Amor, Ines xx

SMLXL
Comments